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terça-feira, 7 de junho de 2022

JOGO SENSUAL NO CHÃO DO PEITO

 




Jogo sensual no chão do peito. Fafe: Labirinto, 2020


Isadora(s)

 

Ao contratar o barco [1903], Raymond explicou através de pantomima, e um pouco de grego antigo, que desejava que a nossa viagem, tanto quanto possível, se parecesse com a de Ulisses. (Isadora Duncan, A Minha Vida)

Everything must be undone. (Isadora Duncan, "The Dance of the Greeks"; La Danse de l’avenir, p. 50)

I hate dancing. I am an expressioniste of beauty. I use my body as my medium, just as the writer uses his words. Do not call me a dancer. (Isadora Speaks, p. 53)

  



1.

A primeira palavra de Jogo Sensual no Chão do Peito, poema (dramático) de Graça Pires, em seiscentos e trinta e quatro versos e cerca de uma trintena de sequências, é uma palavra de acção. Mas de acção intransitiva. “Aceito.”, diz, com ponto final, o eu poético. Porém, continua: “Deliberadamente aceito/reencontrar-me comigo.” A acção do verbo intransitivo muda abruptamente. Afinal a aceitação volve-se transitiva e dolorosa. Na primeira sequência deste poema, auto-épico (um prólogo, cantos e uma coda ou epílogo), que se espraia pelo campo semântico do olhar, radica o programa do que se vai seguir. Há um antagonista visível – justamente o “[seu] olhar” – que obriga à urgência de um reencontro. A poeta não recusa. E o grande antagonista “Tempo” terá, então, “o jogo de quem vence”. O corpo, por meio metonímico dos pés, “no improviso da dança”, inicia esse jogo, feroz, de enfrentamento do eu com a sua alteridade, com a sua memória. E, “na trama deste enredo”, num estranhamento de si, a poeta nomeia a Outra: “Isadora”.

E a autobiografia duplamente ficcionada, da bailarina e da poeta, começa a desenrolar-se pelo fio enganador da roca de Penélope.

2.

Que fantasma é este que se desenha e de quem é o nome que encarna o simulado e especular enfrentamento de si? É, como se lerá, o fantasma mítico de Angela Isadora Duncanon, a norte-americana Isadora Duncan (1877-1927) que, quase sozinha (talvez ao lado de Nijinsky), simboliza uma revolução na Belle Époque da Ginástica Rítmica e da Ginástica Sueca. Símbolo da libertação do Corpo pela Dança, da libertação do corpo das mulheres das barbas de baleia e das normas antinaturais do Ballet, lutadora pela restituição do Corpo às Mulheres, defensora da trilogia programática Dança-Natureza-Nudez, Isadora, leitora ávida, melómana indefetível mas estudante bissexta e impaciente, foi uma pioneira desencontrada do seu tempo que dizia, sem pudor, ter somente três Mestres: Jean-Jacques Rousseau, Walt Whitman e Nietzsche, ou melhor, Beethoven, Nietzsche e Wagner!

Largando, com os irmãos e outros libertários, as roupagens da sua classe, procurou um modelo de vida alternativa, peripatético e dionisíaco, inspirado no romântico ideal de uma mitificada Grécia Antiga, alimentado intelectualmente nos seus primeiros tempos de Londres (com Andrew Lang, o helenista, em lugar de destaque), e consubstanciado, aliás, no movimento Lebensreform da Alemanha e em comunidades anarquizantes como a de Monte Verità, na Suiça (que visitou no terrível ano de 1913), dançando, como mais tarde Laban e os seus discípulos, descalça e vestida com ligeiras e transparentes túnicas desenhadas segundo a estatuária grega e a pintura. Antes da Grande Guerra, Isadora, a californiana, ladeara o helenismo, o pacifismo, o feminismo, o safismo, a antroposofia, a psicanálise, o anarquismo, o comunismo, o vegetarianismo, a filosofia oriental via ocultismo, enfim, o movimento (simbolista) da dança como arte total, ritual e religião.

Dançou pelo mundo e conheceu a glória. Perseguiu, de 1904 até ao fim dos seus dias, da Alemanha, aos Estados Unidos, da França à URSS, o inatingido sonho de fundar uma escola de Dança gratuita para crianças, sobretudo meninas, na qual o conhecimento seria alcançado através da prática da “expressão natural”. Era pagã, contra o absurdo do casamento, contra o sufragismo e o feminismo – enquanto existisse parto com dor! -- e acreditava na maternidade. Perdeu os seus três filhos e perdeu-se totalmente de si, mas não da Dança. Em Corfu, sacrificou, no mar, a cabeleira em sinal de luto.

Casar-se-ia por generosidade com um poeta nevrótico. Viveu a sua decadência e não entendeu o tempo novo de Zelda Scott-Fitzgerald. Ditou e inventou as suas memórias parciais por necessidade económica. Morreu num acaso trágico e espectacular que parecia encenação sua.

3.

E quem é, por seu turno, a Isadora do poema?

Esta Isadora de Graça Pires inscreve – nas paredes de ressonâncias platónicas – gestos indecisos, palavras sombrias, pressentimentos, lágrimas, gargalhadas e desalentos. Reconhece a solidão que não mascara com as lembranças. Para se observar, para se ver de fora, esta Isadora recorda, ao contrário de Ulisses, o seu nome, a sua infância, inocente, as suas fugas, o mar, o corpo nu, a boa solidão de estar só, a vertigem. Treina a evasão de si. Nascida sob a estrela de Afrodite, loira, olhos violeta de revoltada, pernas esguias, com elas soerguia o corpo até à intimidade do chão. Descobria que a Natureza era a sua única escola.

Sob a influência da Mãe, aprendeu a feminilidade sem enfeites. Adquiriu poder espiritual a ouvi-la tocar música clássica e a recitar os poetas do seu tempo.

Começou a decifrar os mitos nos vasos gregos e na pintura de Botticelli. Percebeu o sagrado e o profano e que a dança é a expressão divina da humanidade em direcção à luz. Dançou descalça imitando os rituais aos deuses e aos anjos. Foi cúmplice das bacantes e dos bichos, das árvores e das chuvas, como Francisco de Assis. Procurou as máscaras da tragédia grega até à alucinação das vozes.

Muito jovem, desejou fugir, mas interditou-se os sonhos.

Regressava ao corpo sempre que o sangue lho pedia. Com as suas mãos – cingia, acenava, manuseava, suplicava, ordenava, tacteava --, imitava o ritual da posse e aprendeu a voar para a luz do sol purificadora.

Rumou à Europa e pensou na vida como peregrinação.

Encenou o seu corpo seminu e vestiu-o ligeiramente para o júbilo do voo; criou uma coreografia sobre música que só ela escutava. Inventou um erotismo de gestos abstractos das coxas firmes, das articulações ágeis, disfarçando a dor; com a sua pele suada, enfrentou as vozes que lhe espiavam o rodar das ancas para a acusar de imoralidade. Foi enlameada e difamada e acusada de escândalo e provocação. Mas os seus gestos, de tumulto erótico, vinham do instinto e eram arquetípicos, primordiais.

Recomeçou sempre, bebeu em todas as fontes que lhe mitigavam a solidão. Ouviu e dançou a música – de Chopin, de Beethoven, de Wagner. Esculpiu, no espaço, figuras retiradas da vida: pétalas de rosa a cair, velas ao vento a lutar contra as ondas. Mimetizou a imobilidade e o espasmo do movimento convulso. Experimentou o transe e a euforia, o ar e o fogo da emoção dançada. Inventou gestos inspirados pelo enigma dos Mistérios de Elêusis. Nada nem ninguém a desviou do palco. A posteridade culpá-la-á por ter sonhado. Mas sonhou, trabalhou, deixou-se fascinar, enfeitiçar. Era possuída por um felino interior que lhe ditava as coreografias.

Adorou os aplausos, mas nunca acreditou em Salvação. A Dança era o seu credo. Quis fazer uma escola habitada por crianças e ternura. Em país nenhum, da América à Rússia bolchevique, foi entendida.

Enrolava-se na cortina azul, seu único cenário. Chegou até a escrever a sua vida. Percebeu, porém, que as palavras são insuficientes.

Aceitou o destino de ser mãe, o sublime anseio.



[Rememora agora o passado e interroga-se: “Como contar aqui todos os tropeços, /todos os despojos, todas as solidões?”]



Lembra-se da fama, coisa vã. Surpreende-se com a passagem do tempo. Recorda os amores, as paixões, os desencantos.

Teve maus pressentimentos que a levaram a gostar de dançar ao som da Marcha Fúnebre de Chopin. Descobre, com a morte dos filhos, o grande, o único grito maternal.

E renuncia ao amor. Horror, guerra e caos. Mas ressuscita.

Regressa aos Estados Unidos da América, lugar onde nascera.

Naquele dia frio do sul da França, vê a natureza em convulsão e pressente um acto sacrificial. Tenta cobrir os ombros com o xaile vermelho. Cavalos cavalgam as ruínas do seu peito. O coração parou. “Morrer sim, mas devagar”, parece lembrar a bailarina. A poeta.

 

 

Alguma Bibliografia

DUNCAN, I., My Life, New York: Liveright, 1927. Em francês: Ma Vie, tradução Jean Allary, Paris: Gallimard, 1932; 2009. Em português: Isadora: Memórias de Isadora Duncan, tradução Gastão Cruls, Rio de Janeiro: José Olympio, 1969.

---, Isadora Speaks, San Francisco, City Lights Books, 1983. Em português: Isadora: Fragmentos autobiográficos; tradução Lya Luft, Porto Alegre: L&PM, 1996.

---, La Danse de l’avenir ["Der Tanz der Zukunft”, 1903], suivis de Regards sur Isadora Duncan, selecção e tradução Sonia Schoonejans, Bruxelles, Éditions Complexe, 2003.

 

Eugénia Vasques

Colares, 24 de setembro de 2020

Prefácio do livro




A VIDA COMO UMA LONGA DANÇA

 

Pode a carreira de uma bailarina expor as vivências, pensamentos e sofrimentos de uma mulher? Pode a viagem no tempo de uma carreira, de uma vida, revelar a intimidade intangível de uma mulher, enquanto descreve os movimentos do seu corpo?

 

GRAÇA PIRES, no seu recente livro JOGO SENSUAL NO CHÃO DO PEITO (Ed. Labirinto, 2020), oferece-nos uma leitura que permite responder afirmativamente às duas perguntas.

Sobre a (auto)biografia de Isadora Duncan, a Poeta criou um poema épico (exercício raro nos dias que correm), em que o sujeito simultaneamente real e pretexto, convida e desafia o leitor. Mais do que bailarina, Isadora é uma mulher. Uma mulher que aceita expor-se: "abro devagar a seda de meus véus para / desvendar o mel e o sangue dos sentidos, /que a vida e a morte consentiram" (p. 15). Uma mulher em fuga: "Perto do mar reservei o lance irrepetível / da evasão onde me desencontrei de mim / e me aguardei e me persegui, / amotinada, sempre, nos atalhos dos dias" (p. 18). Porém, uma mulher que nunca deixou de viver a sua vida, de dançar - " E dançava. / Incansavelmente dançava. / [...] / [...] como se voasse em chamas" (p. 32) - e de dar sempre o melhor de si: "Nenhum sinal de insubmissão / eu consentia aos músculos. // O meu ofício era o anúncio de movimentos / que exigiam e anulavam todos os excessos, / mesmo os que amotinavam o sangue e o nervo" (p. 35).

Nesta viagem pela vida de Isadora, estão os altos e baixos, desde as apoteoses - " Quantas vezes me comovi / por bradarem o meu nome / de forma cúmplice e calorosa" (p. 36) - até à perda terrível dos filhos (p. 46).

A persistência na dança sobrevive ao sofrimento e ao desencanto das paixões da vida. Isadora não fugiu às paixões - "Arredia como um pássaro retornava / ao que unia e dividia o rasgão das noites / mais secretas, mais privadas", mas confessa logo que "Desprevenida errei todas as paixões" (p. 44). A dança, essa persiste: "Sei que as dores e os desencantos do amor / transformaram a minha arte. / Mas nunca refreei o gosto de dançar / ou vedei dentro de mim o desinibido / anúncio do cansaço" (p. 44). São assim as mulheres que sobrevivem aos desgostos e ao sofrimento sem deixar que sejam pretexto para seja o que for. E no epílogo, a mesma coerência:

 

Os cavalos, gritando,

vieram no seu trote.

De meu brilho se tomaram.

Cavalgaram as ruínas do meu peito

e meu silêncio sustiveram na garganta.

O coração, tão breve,

ficou suspenso por uma névoa

que, num instante se dissipou.

 

Devagar bailando

Devagar morrendo" (pp. 53-54)

 

Voltando à pergunta inicial, sim, é possível revelar a intimidade intangível de uma mulher, mas o mistério sobrevive à revelação.

 

Carlos Campos

23-12-2020





Segundo dia instável deste novo 21. Estado de emergência, confinamento desde as 13 horas e, decido "terminar" mais uma leitura.

«JOGO SENSUAL NO CHÃO DO PEITO» é o novo "desafio" poético da amiga que muito estimo e admiro Graça Pires.

Com a chancela Labirinto, Graça Pires autora já distinguida com vários prémios literários, ousa criar um apelativo sentir de uma autobiografia duplamente ficcionada, onde exercita versos sedutores no meio de personagens "identificadas" e simetricamente dialogantes entre o traço de quem escreve e o espelho de um olhar interrogativo, nas envolvências de um reflectir.

.../...

" E dancei descalça por todos os lugares,

imitando os rituais aos deuses

das límpidas manhãs,

ou aos anjos das trevas,

na euforia do enlevo."

(pág.23)

É este "contar" livre, que desenha o título desta obra num correr constante ao encontro de telas personalizadas, onde o hoje não vacila nos enredos do ontem, e o cuidado do pormenor é sempre um parágrafo dialogante com o verbo versejar.

.../...

Tentei ignorar o tempo

golpeado de incertezas,

recusando o desgaste

dos caminhos percorridos

e das lembranças

deslizando sobre a pele.

(pág. 49)

Graça Pires define assim, quase um diário de parágrafos vividos, no enclave de olhares sonhadores, e "sabores" sempre personalizados, deixando ao leitor a honra de contracenar nos jogos sensuais esculpidos no chão do peito.

.../...

"Nos sabores que à boca concedi,

interroguei os mares, iludi distâncias

e sobre o tempo saltei sem dar por isso."

(pág. 52)

Mais uma satisfação plena de uma leitura "romanceada" em seiscentos e trinta e quatro versos, onde cada ponto final é um convite a uma leitura interpretativa e digna de um sorriso de agrado constante.

Fica o convite!

 

José Luís Outono, poeta

E-mail, 02 janeiro 2021





Terminei de ler o seu livro. Belíssimo, como já nos habituou, aos seus leitores!

A solidão é, para mim, transversal a todos os poemas, desde a solidão reveladora, dos momentos da infância, da descoberta e consciência do corpo, à solidão vazia, em que a vida perde o sentido.

 

Há momentos encantatórias em que a dança se revela como movimento extático, dando a Isadora a configuração de uma sacerdotisa, de uma feiticeira, e nós somos testemunhas do seu rito. Participamos nele, aliás! A voz que convocou é antiquíssima, arquetipicamente deífica e profundamente humana. Uma menina que se descobre, que cresce, torna-se mulher madura e de sucesso, que conhece a dor maior de perder os filhos e vê o prenúncio da própria morte. E, contudo, essa mulher foi sempre fidelíssima à sua natureza, pagando por isso com a solidão. Pois é com a solidão que pagamos a nossa liberdade. Mas temos o direito de ser quem somos, temos direito de o expressar. Como a luz breve de um relâmpago.

 

Sempre um maravilhamento lê-la, sempre uma gratidão profunda por nos termos cruzado. Também "penso na vida como uma peregrinação", como caminho. Sou feliz pelas pessoas que tenho encontrado neste caminho que estou a trilhar. A Graça é uma dessas pessoas.

 

Um grande abraço,

 

Samuel Pimenta, poeta

 E-mail, 8 janeiro 2021





Poesia em vários tons

Graça Pires versus Isadora Duncan

 

Graça Pires é uma poeta que não quer ser tomada por prodígio para o que teria de acolher resposta substantiva aos sucessivos livros com que vai avolumando a sua obra, mas cujo reconhecimento em prémios atribuídos desencoraja ostracismos por vezes parentes de complô de que ela admitisse ser o desafortunado alvo.

Em todo o caso, o seu último livro Jogo sensual no chão do peito traz por companhia um prefácio muito diferente daqueles que se usam para empurrar o livro ou o Autor, mas que situa já no âmbito do ensaio. Ensaio esse que fornece ao leitor motivos capazes de despertarem a sua curiosidade. E quem é esta prefaciadora ilustre? O seu nome será familiar a muito boa gente, especialmente quem acompanho o teatro e o bailado de perto. Eugénia Vasques. Reputada crítica de Teatro, mostra-se conhecedora profunda de quem foi a bailarina Isadora Duncan, elaborando um síntese histórico-biográfica sobre a norte-americana que revolucionou a Dança, interveio em acções ligadas à condição feminina, pugnando pela emancipação da mulher ao bater-se pela mudança de usos e costumes especialmente danosos para aquela, vindo a falecer em França em condições trágica.

Ora, neste livro, Graça Pires pretende rever-se, à custa de seiscentos e quatro versos, na controversa bailarina, tomando como base o que da ciência certa se sabe sobre o trajecto acidentado por ela percorrido – Isadora foi autora de um diário – bem como os comportamentos cuja natureza se revestiam de traumáticos problemas de consciência e de dor aos quais Graça Pires, num empenhamento lírico servido por um estilo notável já consolidado, recupera para celebrar a convergência emocional e as semelhanças psicológicas consigo própria que foi buscar ao seu encontro com a mulher-mito.

Eugénia Vasques, mais atenta ao enquadramento histórico, tem palavras encorajadoras para Graça Pires, fazendo questão de separar sempre a Autora do Fantasma.

E termina.

E a autobiografia duplamente ficcionada, da bailarina e da poeta, começa a desenrolar-se pelo fio enganador da roca de Penélope.

 

Júlio Conrado, escritor

“As Artes entre as Letras”, 10 fevereiro 2021
















ESTREIA NO DIA 31 DE MAIO, NO TEATRO SÃO LUIZ, A MAIS RECENTE CRIAÇÃO DE RITA LELLO, ISADORA, FALA!, UM SOLO POÉTICO CRIADO EM COLABORAÇÃO COM EUGÉNIA VASQUES, A PARTIR DAS PALAVRAS DE GRAÇA PIRES E DE ISADORA DUNCAN.

Neste espetáculo, Rita Lello propõe um espaço de encontro de memórias, um encontro das palavras de Isadora Duncan com as questões da contemporaneidade. Conduzida pelo olhar de Amélia Bentes, explora o espaço cénico, acompanhando de gesto e movimento um texto que mescla Poesia, Ensaios, Relato e Memórias. 


Criadora, aventureira revolucionária, defensora ardente do espírito poético, da liberdade e dos direitos da mulher; livre pensadora dotada de lucidez crítica, originalidade e ousadia, defensora do amor, pedagoga apaixonada. É explorando estas dimensões que ouvimos Isadora Duncan neste texto, a partir do itinerário proposto na poesia de Graça Pires em Jogo Sensual no Chão do Peito e da prosa da própria Isadora.

“O desafio para trabalhar Isadora, nomeadamente o poema (dramático) de Graça Pires, foi-me colocado por Eugénia Vasques, em 2019. Trabalhar a questão do feminino, do feminino vanguardista do qual um dos arautos foi sem dúvida Isadora Duncan, explorá-lo, conhecê-lo e depois dar-lhe espaço e voz, foi-se concretizando à medida que encontrava nas palavras de Isadora o eco dos desejos de liberdade e reivindicações que ainda hoje as mulheres reclamam”, revela a encenadora e atriz.

ISADORA, FALA! estará em cena até dia 9 de junho, de quarta a sábado às 19h30 e no domingo às 16h.

Pedro Marques 



                                            


                              


Rita Lello chega a Isadora Duncan, com o desafio da professora Eugénia Vasques, a partir do poema de Graça Pires, da avó de Rita Lello e da mulher que foi Isadora. Criadora, aventureira, revolucionária, defensora ardente do espírito poético, da liberdade e dos direitos da mulher: Coreógrafa, bailarina, mulher do mundo.

Não é um espetáculo biográfico, Rita Lello não é a atriz que faz de Isadora Duncan, são as palavras que escreveu, disse, sempre na primeira pessoa.

Rita Lello em palco, com estas palavras de Isadora Duncan, e liberdade. Há mulheres, sim! Também um feminismo, mas sempre liberdade.

Ouvir a voz de Isadora Duncan pela voz de Rita Lello. Livre pensadora, original, a defender o amor e dança que quis mudar e ainda hoje lá estão os traços dos movimentos desta mulher.

José Carlos Barreto, 30 Maio 2023