Reino da Lua.
Lisboa: Escritor, 2002
O projecto-base deste sexto
livro de Graça Pires pode estar no poema 4: «Quero um poema, ainda que
imperfeito, mas que fale de amor. / Que diga o corpo inteiro, antevendo o
júbilo das mãos. / Que diga a boca adjacente à boca e os olhos em festa e a lua
ardendo atónita nas veias. / Um poema onde doa a ausência dos abraços, onde se
redima a mendicidade do olhar.» Para alcançar esse objectivo o poeta sabe que
tem que parar o tempo: «Pára todos os relógios, para escutar a respiração dos
dias.» Isto se por «parar o tempo» entendermos o «não avançar», mas sim o
recuar numa espécie de viagem à memória: «Não me lembro da cor dos meus olhos
quando, em menina, me comovia com heróis imaginários. / Mas, recordo-me bem, eu
fui a princesa do conto de fadas da minha infância. / Mas depois perdi a
inocência, por descuido, e deixei de ser princesa. / Blondina era o seu nome.»
Mas essa viagem é também descoberta de que mesmo a infância (paraíso perdido)
não é um lugar estático e sobre ele cai a erosão do tempo: «O meu retrato de
criança vai-se cobrindo de pó. Nada me pertence salvo a memória de trilhos
luminosos na encosta da noite.»
O que o poema diz é que o
amor é, não só a memória do encontro no passado («Houve um ano em que as
andorinhas se esqueceram de partir») mas também a memória antecipada de um
encontro no futuro: «Hoje, teço no teu peito, indizíveis naufrágios: não para morrer,
mas para ser salva de pretéritas e futuras solidões.»
Mas não há nesta viagem
poética de Graça Pires apenas a voz do «eu». Seja a lembrar Bertolt Brecht («Com
a noite entrincheirada nos dedos, engatilhou as letras contra os lábios, até
acender, preso ao coração, o lume das palavras.») seja para lembrar os 25 anos
do 25 de Abril no desejo de uma pátria melhor. «Aqui onde o coração reclama uma
pátria melhor / volto ao lugar das palavras que nunca calei / por saber que o
silêncio se articula na errância da voz / e que nele cabe a solidária multidão
que ama por inteiro a liberdade.»
No
difícil trânsito entre a certeza da morte e o precário do amor, o poeta sabe
que só uma arte poética forte o poderá resgatar do esquecimento que o ameaça:
«Sem qualquer pretexto, transcrevo linha a linha / o perfil emotivo desta
cidade, onde piso todos os caminhos procurando o rio e o corpo me estremece à
proximidade da água. /, «como se escavasse no coração a promessa de uma pátria
planto, entre as unhas, heras de palavras que constroem a morfologia dos nomes
que amei.»
José do Carmo Francisco, poeta
“Notícias
da Amadora”, 24 de outubro de 2002
e
“Diário Insular”, 20 março 2003
Negociando a noite
Soubéssemos ao menos a matéria de que é feito o que em nós não é matéria
David Mourão-Ferreira
Já se sabe que a noite é o
melhor pretexto. A noite serve para todos os crimes, para todas as violências,
para todas as dádivas e permutas, incluindo o amor. A noite presta-se ao
traficar pantanoso, ao medo clandestino, à febre dos afectos, incluindo o amor.
À noite confundem-se mais as palavras e os sorrisos e, quando ocorrem
pressurosas as recordações do sol da sua sede, são múltiplas as formas de
colocar as mãos e os lábios. Durante a noite os segredos despertam, os
mistérios percorrem as volutas de um labirinto inconsumível, e não se pode
negar o encanto que, de entre todos, desaba no poema. Porque é pela noite,
muitas vezes, que a lua faz incidir nas palavras o mel que as transfigura, o
suor que as apresa, o calor que as induz ao risco.
Quando falamos da noite não
sabemos bem do que falamos, não há definição concreta com tão ilimitado número
de atributos abstractos. Pouco importa, não é defini-la o que nos move: é
descobrir no coração do verbo o trilho para o seu cometimento, é encontrar na
mão direita, onde as veias engrossam /
como rios, […] todos os enredos / que
se revezam: inevitáveis, aleatórios, urgentes.
Estamos a referir-nos desde
o início ao último livro de Graça Pires, “Reino da Lua”, Estamos, num exercício
profundo e consolador, a penetrar dentro desta noite primordial onde a memória
e o corpo se cruzam e completam, onde a infância corta o outono a gumes de
silêncio e de tristeza. Estamos, se quiserem, a partilhar a revelação de um céu
nocturno onde um barco acena e as mãos acolitam.
Não pretendemos desmontar o
poema consonante nem refazer as partes, Graça Pires não necessita de ajuda, ela
própria, com um vigor exemplar, único sobrevivente
de um enredo imaginário que se crê, gera o concluso e expõe os fragmentos.
Para nós sobra, ao lê-la, a emoção, por vezes a comoção: não é fácil nem
inócuo, nem livre de perigos profundos e abismos reais, o negócio com a noite,
sobretudo de o luar – que o há sempre, oculto que seja dentro de punhos
cerrados ou de olhos fendidos por um lume de barro, a par do sol – é um luar de outono.
Porque o tempo comanda a
noite e dela faz esta noite e não outra, uma nova, uma noite de todo
transfigurada, porque o tempo soma os afectos e amotinações dentro das nossas
rugas e a lua afunda a cordilheira dos afectos – bem sabemos como a cada
momento se cumpre o risco de escorregar um pé sobre uma lágrima inerme, uma dor
limosa, um grão de nostalgia. É agora, sabe-o Graça Pires, um musgo espesso à
beira do caminho, junto às ravinas de dias e mais dias cheios de cantos e
ciladas, nada como dantes, é agora preciso calcular os passos e tentear o
balanço do corpo, nada como outrora, nada como nesse ano: Houve um ano em que as andorinhas se esqueceram de partir. […] Agora nenhum horário / retarda o êxodo das
últimas andorinhas em direcção ao sol.
Restam perguntas, nem sempre
formuladas nos versos, mais vezes adivinhadas num tom entre o mel e a agonia: é
neste território perturbador que nos prende a poetisa, ao ponto de nos
sentirmos, desde muito cedo, como filhos dessa pátria onde o silêncio se confunde com a noite, onde um verão / inclinado
sobre o corpo, incendeia de luzes as sombras / que me rondam as mãos.
E há depois (ou antes) a
criança que foi Graça Pires. Não se acredite quando diz Depois perdi a inocência, por descuido: não é verdade, a poesia de
“Reino da Lua” desmente este verso – atrevo-me a dizer que ela é, genuinamente,
de uma matéria pura, qual não sabemos, mas imaculada, feita ao sabor da palavra
breve e sem mancha nem precaução. Quando a poetiza diz O meu retrato de criança vai-se cobrindo de pó refere-se
exactamente a isso: ao retrato. E quando diz trago, na boca, um imenso / deserto traçado a sede, corrige logo
com os belíssimos versos, fruto precioso da maturidade poética nascida de uma
sensibilidade imanente: Sei, hoje, onde o
mar adormece descuidado: tão próximo / da sombra dos navios, que torna
irremediável o júbilo das ondas.
Falemos, então do amor, já
que não há mais nada / a fazer senão
amar. Apesar de tudo. Apesar de nada. Falemos desse cheiro a rosmaninho à beira dos dedos / e [de] um pássaro desvairado por dentro do peito.
Falemos dessa distância das
mãos que se anula e da linguagem do
afecto na curva dos braços. Falemos nesse poema, ainda que imperfeito / mas que fale de amor. / Que diga o corpo inteiro,
antevendo o júbilo das mãos. / que diga a boca adjacente à boca, e os olhos em
festa.
Sem o verão cheio de sol,
sem os extremos consentidos de um calor em excesso, sem o bruto desarmar das
guardas e o fragor insano das batalhas. Mas habilmente cheio de sabedoria,
traficando com o outono, contrabandeando o tempo de véspera, negociando a noite:
e a lua / ardendo atónita nas veias.
Um comércio com a noite que é partilha de outras noites e com elas se completa:
Quero sentir a tua noite a rondar-me o
sangue / quando dizemos: “é tempo de acender o fogo”; porque há a nossa
noite e a noite do outro e quando as noites se olham na transparência dos olhos
tudo se transfigura, a tal ponto que a poetisa pode afirmar que Um verão / inclinado sobre o corpo,
incendeia de luas, as sombras / que me rondam as mãos.
E à medida que o pó vai
cobrindo esse retrato de criança, mais o amor se extrema e dulcifica, e a
poetisa pressente, quando o mar se
enfurece […] uma […] alegria a latejar no corpo. À medida que
essa cumplicidade com o tempo se afirma e persiste, a poetisa fixa no calendário o instante de ser jovem, e
a pergunta apagada exangue, quase fere a sua língua: Diz-me, meu amor, onde se cruza a tua sombra com a minha.
Talvez pareça o desalento
rondando os portões do outono, açulando os cães ao fundo deste quintal tardio
em que olhamos os frutos sem a gula voraz de uma canção de maio. Talvez pareça
o soçobrar das forças e o exaurir das esperas, o cansaço do gesto em assumir
essa violenta cor da solidão. Desiludamo-nos.
Graça Pires emenda de imediato com
estigmas da infância no interior das mãos […] Há pátrias onde as mãos se tornam
perfil de pássaros / definindo o fraterno voo do silêncio. É esse o meu rumo, /
rente a um lugar conivente com as manhãs que redimem / as noites sem afecto.
Chega-se assim à forma
indisciplinada de não resignação: nunca o medo ao silêncio e à solidão, antes a
busca deles – terra e ar de um país de utopias. Traficando com a noite, de
preferência. Graça Pires negociando a noite: Houve, porém, uma noite em que disseste “meu amor” / e o coração
alvoroçou-se-me no peito.
São memórias, é o comércio
antes do sol. O vício das nossas unhas crescendo sempre e o rumor das nossas
rugas fervilhando no sangue. As difíceis negociações no “Reino da Lua”.
Percorrem-se as horas e os dias em busca do repouso, de um mítico instante sem
sobressalto outro que o de uma pele aflorando a nossa pele, de uma boca
refazendo o nosso fôlego, de uns dedos descobrindo o sopro e o cântico dos
poros.
Faz-se a travessia que
refere a poetisa Graça Pires e, sem darmos por isso, inopinadamente, à revelia
dos sentidos e dos afectos, achamo-nos dentro da nossa noite em frente da noite
do outro. E, consentida que se torna a catástrofe anunciada, resta-nos ainda o
projecto de outra nova transcendência, a obstinação no percurso dentro de um
mar adverso: Hoje teço no teu peito indizíveis
naufrágios: não para morrer / Mas para ser salva de pretéritas e futuras
solidões.
Poesia de coragem, pois. E
de aposta consumada contra os limites impostos. Contra toda a lógica, apesar “da
noite que se lhe enrosca na cintura e lhe move um cerco”. Poesia de
autenticidade, de ser-se o que se sente ser, de estar onde se sente estar;
poesia de fidelidade ao Eu, de afirmação: hei-de
sobreviver ao meu próprio caos.
De onde vem esta força, esta
certeza? De onde chega sem o ecoar dos passos nas vielas escuras, o dom de
resistir ao poema submerso? É simples, está na reinvenção desse país longínquo
de uma utopia transcendente que se relata no poema 15 de “Reino da Lua”: Existe, sim, um continente soalheiro, ao
alcance / do mais íntimo pressentimento da vida, onde, em asas / de gaivota,
nascem os homens reconciliados com a morte.
É tão grande a força da
Palavra poética! Tão lenta, à sua sombra lustral, a progressão da cinza, do
escorbuto, dos vermes, e tão consolador o desespero dos ossos ávidos pelo
exílio sob a terra! É que esta poesia de Graça Pires suspende o tempo, eis a
verdade, basta ler. Já não como era outrora quando as mulheres, no circular gesto de disfarçar desejos / com
astúcia […] esquecem […] os sonhos intranquilos e passam a levantar-se antes do
sol / nascer: para preparar o inverno, pensa toda a gente.
É tão incomensurável o dom
da palavra poética! Ata-nos esta poesia como
se nada pudesse alterar o percurso de uma paixão. De vez em quando o rigor da
estação apruma-se, a visibilidade esmorece ante os círculos concêntricos dos
pássaros no céu das insónias – some-se a força, os braços caem, a testa tomba
sobre os joelhos, a poetisa olha e sente: O
Outono entra-me pela casa, e a pergunta magoa-lhe a penumbra do rosto: onde estão os pássaros de olhos aguados, que
sobrevoavam / ainda há pouco, as minhas mãos?
E logo adiante revela o seu
temor: Tão inesperado como um assombro,
um coro de tragédia / urde, em meu peito, a travessia da noite.
Mas o caos recompõe-se, a
ameaça de naufrágio dispersa-se com o espargir dos cabelos. Basta que a menina volte de novo / e se reparta em
íntimos silêncios. A poetisa reencontra o outro, os outros,
reencontrando-se, os passos alcançam a “direcção do vento” e preparam-se para
prosseguir: Agora, nas margens da lua
cheia, há uma mulher, / em cujo rosto se passeia o lado mais claro da noite.
Vimos falando de um livro
raro: há poucos livros assim. A arte de falar de nós evitando os escolhos que à
poesia recusam, normalmente, o fascínio e o dom da assombração. Vimos falando
de um livro impossível de calar, ou de remeter ao esquecimento. Vimos falando
de Graça Pires, rainha “solar” de “Reino da Lua”, pátria onde as acácias incendiaram as ruas, roteiro
de uma cronologia, voz de percurso melodioso.
Graça Pires: agente de uma
alquimia subtil, de um concerto harmónico gerido pelo coração, demiurga de uma
humanidade celebrada, verbo de uma causa cheia de combates, travessias, de
horas plenas, de noites inconsúteis, imaculadas e fecundas: Repara como nos emocionamos com a vida / e,
em segredo, nos olhamos sem qualquer pudor. / Repara.
Repara.
Nuno de
Figueiredo, poeta
“Entre Letras: Livros e Escritores”,
maio de 2003
Em raros momentos senti a
alma latejar tão intensamente como agora, ao ler o belo livro que tenho nas
mãos: REINO DA LUA, do poeta portuguesa Graça Pires. A poesia de [Graça] Pires,
verdadeiramente, encarna-se na graça poética do instante, iluminação súbita a
nos prodigalizar os horizontes, a derrubar os muros da insensibilidade, palavra
a pulsar juntamente com o coração do leitor, a tal ponto que não sabemos se, ao
lermos a sua poesia, o sussurrar de cada sílaba é o próprio fluir da leitura ou
pulsar de nossas veias… Graça Pires ressuscita em seus leitores a melancolia da
infância, os tristes quintais do nosso passado, os resíduos invisíveis de nossos
eus antigos:
Encosto a cara às quimeras da infância,
para exorcizar a inocência perdida
e rodopiar, sobre os sonhos, a valsa
de sol, eram aves de múltiplas cores.
Paro todos os relógios, para escutar
E como um actor que se esgota na personagem,
entrelaçados nos meus pulsos.
uma lua transparente
Esta poesia banha-se no
noturno, nas profundezas abissais do luar, a fim de resgatar vivências
espirituais de plenitude. É na noite que Graça encontra sua manhã, sua palavra
de leveza e densidade. Das trevas, essa poeta tece seu encanto solarizado,
rendilhado de iluminuras, de alegrias súbitas. Em cada poema, o leitor descobre
uma epifania, uma revelação.
No encalço de pequenas alegrias,
faço do corpo um barco.
Amarro-o nas margens do silêncio
e divago, com urgência,
por dentro de
um impulso incontrolado.
Tomo em meus
olhos a transparência dos teus.
Quero sentir a
tua noite a rondar-me o sangue,
quando
dizemos: é tempo de acender o fogo.
Quero conhecer
a excessiva inclinação da luz,
quando, desarmado, o coração,
aguarda que aconteça
aquele fascínio de garotos,
à espera da festa prometida.
Esses garotos somos nós,
seus leitores, sempre na iminência, a cada palavra de Graça, de uma festa
múltipla, adolescente. A magia de Graça reside na sutil combinação lexical,
dulcíssima em vários momentos, combinação essa integrada a uma emoção sutil, arrebatada,
sentir delicado a se espraiar em uma musicalidade de finas notas e tons. A
grande poesia é, antes de tudo, um mergulho no mais profundo que há no homem,
no mais pungente que existe no coração da vida. E Graça não teme esse tombo nas
profundezas da existência, queda típica que caracteriza a pulsão vital dos
poetas místicos, videntes, mágicos. A memória irriga as palavras da poeta,
abrindo um universo de sutilezas, biografia universal do humano:
O meu retrato
de criança vai-se cobrindo de pó.
Nada me
pertence, salvo a memória de trilhos
luminosos nas
encostas da noite. A lua entra-me,
inteira, na
garganta, rompe-me o peito deles a lés
e sublinha, a
cores, uma errância inscrita no destino.
Quem foi que
ousou apagar, de meus pés, os traços
de impossíveis
aventuras, e me deixou, na pele,
tamanha
rebeldia? Enterro os dedos em dunas
de areias
assombradas que me sufocam a alma,
até à dor,
porque trago, na boca, um imenso
deserto
traçado a sede.
Essa alquimia verbal faz-nos
lembrar, em alguns instantes, das imagens belas de António Ramos Rosa, poeta
imenso, ainda muito pouco conhecido no Brasil. Graça Pires, ao nos revelar a
dor, o sofrimento, com sua palavra de sopros e levezas, mostra-nos também o
sortilégio da poesia: a palavra lírica leva-nos à dor, mas a uma dor em estado
de alegria. A poesia intensifica todas as nossas sensações, a nossa
sensibilidade ante o mundo, a tal ponto, que o real nos arde, nos dardeja, nos
fere. Todavia, tal sofrimento vem sempre embalado pelo bálsamo da palavra poética,
cântico a transmutar a cicatriz, em bailado, em voo. Para encerrar esse breve
passeio por esse universo de alumbramentos, encerro esse breve comentário como
esse poema cheio de Graça:
Houve um ano em que as
andorinhas se esqueceram de partir.
Comovidos, os deuses adiaram
o começo do inverno.
Nesse ano, uma
mulher e um homem se fundiram em barco
feito ao vento
e partiram sem rumo e sem dar notícias:
como se fora
de cinza o nome que usaram.
Agora, nenhum
horário retarda o êxodo
das últimas
andorinhas em direcção ao sol.
Diz-me, meu amor, onde se cruza a tua sombra com a
minha.
Diz-me em que crónica de espanto te tornaste o
marinheiro
que debandou ao encontro do deslumbramento das manhãs.
E ao encontro das manhãs
também seguimos nós, por essa vereda de pura poesia.
Alexandre
Bonafim, poeta e professor de literatura portuguesa
Blogue “Arqueologia dois
Acasos”, 25 agosto 2006